Eu sempre gostei de ver os olhos da minha parceira se revirando e ouvir o quarto se enchendo dos gemidos dela de prazer. No começo, admito, fazia isso por um prazer muito mais meu e parecia que falava pra mim mesmo “boa, garoto!”. Era quase egoísta, se não era isso realmente. Era como uma auto-afirmação que a minha cabeça juvenil pedia e confortava meus dramas existenciais de querer ser “o bom”.
Só que com o tempo (a maturidade e algumas porradas) qualquer cara começa a perceber que o tanto que a parceira gosta da transa não serve para inflar o ego, mas para melhorar a relação mesmo. Ficar vaidoso com o desempenho é até normal e atinge um lado comum do caráter qualquer ser humano, mas há de se entender que é a divisão daquele momento a dois que torna tudo tão interessante. E fundamental.
Sexo sozinho é uma simples masturbação. E não é que saber se tocar não seja válido. Pelo contrário. Conhecer seu próprio corpo e entender de onde vem as melhores reações dele é ter o mapa da mina nas mãos, podendo escolher muito bem a quem entregá-lo quando chega a hora. Inclusive porque, quando não há a pressa das roupas irem ao chão, tudo começa com as mãos procurando o que escondem simples fechos, botões e zíperes.
Por que existe até hoje a preocupação, então? Porque sabendo que não estou sozinho quero que o instante seja gostoso. A magia, a química, o encaixe e todo o resto da mística vão sendo descritos conforme o balé dos corpos avança e as vontades se beijam. Não é toda noite que a transa vai ser espetacular, mas por que não se esforçar para ser minimamente boa?
Quando se chega ao resultado óbvio de que um sexo gostoso nada tem a ver com corpos esculturais e condicionamentos físicos fantásticos, percebe-se que é o desejo natural de fazer bem ao outro que enlaça e deixa o conjunto em sintonia.
Fonte: Gustavo Lacombe / Site EOH