Ação do Sebrae Minas em parceria com a Associação dos Produtores de Café será realizada dia 8 de março, em Águas da Prata (SP)

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher (8/3), será realizado o 2º Encontro das Mulheres do Café da Região Vulcânica, evento que reúne produtoras de café da região do entorno de Poços de Caldas, no Sul do estado. O encontro será promovido na Fazenda Santa Maria, em Águas da Prata (SP), e é fruto da parceria entre Sebrae Minas e Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica.

Cerca de 8 mil mulheres estão envolvidas direta ou indiretamente na cafeicultura na região composta por 12 municípios mineiros e paulistas. Diante desse cenário, o encontro tem o objetivo de valorizar e dar visibilidade ao trabalho dessas mulheres no mercado cafeeiro. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link. As vagas são limitadas.

As palestras programadas para o evento serão ministradas somente por mulheres especialistas no setor. Cerca de 200 empreendedoras da cadeia do café – desde as que atuam em lavouras até em torrefadoras, cafeterias e empórios – deverão participar do encontro. Serão 13 atividades, entre palestras, painéis e workshops, que abordarão temas como: técnicas e métodos de preparo do café, cultivo, fermentação, drinks a base de café, associativismo e cooperativismo.

De acordo com o analista do Sebrae Minas Ivan Figueiredo, o objetivo do evento é destacar os resultados da atuação das mulheres no comando dos negócios do setor na região. “A ideia do encontro surgiu devido ao aumento do número de mulheres atuando na cafeicultura da Região Vulcânica. A presença delas sempre foi marcante, sejam sozinhas ou acompanhadas de suas famílias. Por isso, é uma forma de valorizar, reconhecer e incentivar a participação de mais mulheres no agronegócios,” explica.

O evento também tem o apoio da Prefeitura de Águas da Prata, Sebrae São Paulo, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Sindicato Rural de São João da Boa Vista, Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Instituto Federal do Sudoeste de Minas e Emater.

A Região Vulcânica

A região está em uma área conhecida como caldeira vulcânica – onde se acredita que há milhares de anos existiu um vulcão. Hoje, no local está situada a cidade de Poços de Caldas. O território tem altitudes que variam entre 700 e 1.300 metros acima do nível do mar, sendo formado por 12 municípios: Andradas, Bandeira do Sul, Botelhos, Cabo Verde, Caldas, Campestre, Ibitiúra de Minas e Poços de Caldas, no estado de Minas Gerais, e Águas da Prata, Caconde, Divinolândia e São Sebastião da Grama, no estado de São Paulo.

Atualmente, a Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica conta com cerca de 12 mil produtores de café, entre homens e mulheres, sendo que 70% deles são da agricultura familiar. A marca “Cafés da Região Vulcânica”, projeto liderado pelo Sebrae Minas, foi lançada, oficialmente, em 2020, durante a Semana Internacional do Café (SIC).

Exemplo feminino

Há três gerações, as lavouras de café fazem parte da história de Ilma Rosa Corrêa Franco, em Campestre, também no Sul do estado. A produtora rural conta que os avós e os pais cuidaram da propriedade cafeeira, que hoje é administrada por ela e o marido. Os primeiros aprendizados começaram ainda na infância. Hoje, após mais de 40 anos de dedicação, cursos e capacitações, ela afirma ter elevado a qualidade dos frutos produzidos. “Houve uma mudança radical quando percebi que precisava deixar de produzir apenas o café tipo commodity, para dedicar aos cafés de melhor qualidade”, conta a cafeicultora.

O resultado veio em 2022, quando o ‘Café Rosa Franco’ atingiu 88 pontos e conquistou o primeiro lugar no concurso organizado pela Prefeitura de Campestre. A empreendedora ressalta que a atuação das mulheres na cafeicultura é diferenciada. “A mulher tem o olhar mais seletivo, é persistente e, por isso, ainda vamos contribuir muito para a evolução do agronegócios e todos os setores da economia”, afirma.

Fazenda Centenária

A Fazenda Santa Maria está situada no interior de São Paulo, na divisa com Minas Gerais. Com pouco mais de 120 anos, o local ainda conserva traços da sua história. A propriedade foi erguida no período pós-escravidão, por isso, não chegou a ter pessoas escravizadas, como era comum daquela época. O trabalho de construção foi realizado por colonos imigrantes italianos, sob a liderança de João Rabelo Junqueira, dono da fazenda, e considerado um visionário pela família. O relato é da neta, Gizela Junqueira, que hoje cuida da propriedade, ao lado da matriarca, Clineida Junqueira, de 78 anos, que vive na fazenda desde os dois anos de idade. Segundo a família, o lugar que vai sediar o Encontro das Mulheres do Café da Região Vulcânica, também teria sido ponto de um dos confrontos da Revolução Constitucionalista de 1932.