Julia Petit, Thai de Melo Bufrem e Milena Penteado são algumas das empreendedoras que estão dando um novo ar a essa indústria

 

Marina Benzaquem
Thai de Melo criou uma personagem bem-humorada e é uma das empreendedoras que está trazendo frescor ao mercado

A afirmação “The Future Is Female” estampou uma camiseta usada por Cara Delevingne em 2015. Ainda que tenha nascido primeiramente na década de 1970, com a modelo e atriz a frase tomou grandes proporções e virou até história no “The New York Times”. No Brasil, além de criarem statements com seus looks, seis mulheres de diferentes áreas profissionais – moda, entretenimento, comunicação, desenvolvimento de produto e gestão executiva – fazem a diferença todos os dias. Carol Yoo, Karine Amancio, Thai de Melo Bufrem, Juliana Montesanti e Milena Penteado vêm provar que, se o futuro é feminino, o presente também é.

 

 

Milena Penteado
Para Milena Penteado, em time que está ganhando se mexe, sim. Diretora executiva da Arezzo & Co., ela acaba de lançar a linha de vestuário da Schutz, marca do grupo que já é sucesso nacional com seus calçados e que, nesta nova fase, traz roupas contemporâneas e versáteis. “Mesmo quando está tudo muito bom e todo mundo batendo meta, a gente olha para onde tem oportunidade”, afirma. Milena entrou na Arezzo em 2009 para tocar a operação internacional das marcas da holding e fundou a Alexandre Birman com o próprio. Seu comportamento e sua ética de trabalho são estimulados pelas mulheres da sua vida, em especial a avó, Lina Penteado. Antes de falecer, a artista deu à neta um recado inspirador: “Ela disse que acreditava muito no meu potencial para liderança”. Na rotina recheada de compromissos e reuniões, Milena mantém em mente o seu papel como mulher em um alto cargo de liderança – ela comanda uma equipe de mais de mil pessoas. “Sei que sou um exemplo que vai inspirar ou decepcionar muitas gerações.” Para trabalhar com ela, é preciso ir além do job description. Além disso, para Milena, ser apaixonada pelo que faz, como ela é, é essencial.

 

 

Carol Yoo
Carol Yoo tinha 24 anos quando veio de Nova York ao Brasil para acompanhar um desfile da marca da família, a Amissima. Era fevereiro de 2020 e, dias depois de sua chegada, o mundo fechou. A pandemia acelerou os planos da moça, que já considerava trabalhar na empresa fundada há duas décadas por sua mãe, Suzana Cha. Apaixonada por moda, Carol estudou na Parsons School of Design, em Nova York, estagiou em marcas como Prabal Gurung e Tibi até aterrissar na gigante japonesa Uniqlo. Lá, ela aprendeu tudo sobre processos, organização, básicos e moda com tecnologia. Chegou na Amissima fazendo de tudo um pouco e hoje tem a sua própria equipe de design focada em tendências e pesquisa. Apesar de nascida no Brasil, a cultura da Coreia do Sul herdada da família sempre foi espontânea para Carol, que, desde pequena, consumia f ilmes, séries e música daquele país. “Agora o k-pop estourou, mas eu ouço há tempos”, brinca. Da mesma cultura também vêm a ética de trabalho, a disciplina e a dedicação. “Na família todo mundo sempre trabalhou; isso me influenciou muito e me manteve firme.” Observadora, introvertida e muito educada, Carol acredita que organização e vontade de fazer a diferença não podem faltar em uma equipe de sucesso

 

 

Thai de Melo Bufrem
Para Thai de Melo Bufrem, é difícil definir em poucas palavras o próprio trabalho. Com enorme intimidade com a câmera, ela posa, atua, cria e entretém. O único rótulo no qual reluta em se encaixar é o de influenciadora, porque, segundo ela, “não é algo que você escolhe, é a consequência de um trabalho”. Voluntariamente ou não, Thai influencia – e muito. Relativamente “pequena” para os padrões digitais – ela tem “apenas” 150 mil seguidores –, já fez trabalhos para marcas como Gucci, Havaianas, Estée Lauder, Levi’s, Jo Malone, Lancôme e Tiffany & Co. Figurinha assídua de campanhas de moda, ela criou uma personagem versátil e bem- -humorada que faz cada vez mais sucesso. Quando pergunto o que é Thai e o que é personagem, ela responde que está tudo misturado, mas que a versão da internet é uma versão dela mais editada. “A internet dá uma sensação estranha. Quando a gente vê os stories do Instagram, parece que a pessoa posta a vida dela inteira, mas, se a gente somar aquele tanto de pontinho, o máximo que dá pra postar ali são 15 minutos por dia.” Thai está planejando uma peça de teatro sobre, veja só, trabalho. Isso tudo para mostrar mais uma faceta da artista, que vai muito além dos 15 minutos – de stories ou de fama.

 

Karine Amancio
Karine Amancio ama trabalhar em equipe. Quando fala de seu trabalho, ela usa o coletivo “nós”. O “nós” em questão é o núcleo de comunicação do grupo JHSF, dono do Shopping Cidade Jardim e responsável por representar diversas marcas internacionais de luxo no Brasil, time do qual Karine faz parte há dois anos. Além de RP, Karine acumula a função de editora de acessórios na revista trimestral do shopping e possui uma coluna mensal na plataforma online da empresa. Decidida, desde criança Karine sabia que queria trabalhar com comunicação e moda. Nascida em São Paulo, trabalhou com TV no interior do estado, antes de retornar à capital com um sonho: “Eu queria poder viajar o mundo com comunicação”. Este ano, ela foi pela primeira vez para a semana de moda de Paris e realizou um desejo antigo. Karine se deu conta de que era a única RP negra, de moda, de que tinha notícia. Ela toma isso como possibilidade, e não um peso. “Recebo mensagens de meninas negras que trabalham como RPs ou que almejam isso e que veem em mim uma referência.” Responsabilidade que ela carrega com leveza e seriedade. “Não quero ser a única; quero que essa oportunidade se reflita em muitas outras.”

 

Juliana Montesanti
Juliana Montesanti é conhecida por ser a empresária de Bruna Marquezine na época em que a atriz realiza uma expansão internacional. Realmente, o recém-conquistado papel de Bruna no filme “Besouro Azul” – novo longa da DC Comics em Hollywood, previsto para estrear em 2023 – é algo excepcional, mas a mulher por trás – ou ao lado – do feito tem uma rica trajetória que explica um pouco como ela chegou até aqui. A experiência em agências de comunicação deu a Juliana bagagem suficiente, além de uma extensa rede de networking, para fundar a sua própria empresa, a Coolab, em 2018. Com cerca de 30 agenciados, a empresa cuida da carreira de artistas e inf luenciadores de modo 360º, tratando de presença online, relação com as marcas, contratos, relações públicas e todos os pormenores. Ju faz questão de dar um toque de família em tudo que faz. “No fim do dia, a gente está lidando com o sonho das pessoas, né?” Realmente, ela tem a fama de ter um instinto quase maternal com seus clientes, um impulso de protegê-los do julgamento incessante e da mídia muitas vezes cruel. Os agenciados, que têm muita liberdade colaborativa, agradecem. “Acho antiga e cafona a postura todo-poderosa de alguns agentes.”

 

Julia Petit
Julia Petit é uma mente criativa incansável. Tão incansável que, quando decidiu tirar um ano sabático, resolveu reformar sua casa inteira. “Eu fiquei um ano em obra”, diverte-se. Desconectar é difícil para ela, que trabalha desde os 15 anos, primeiro em agência de publicidade, depois com produção musical, até chegar ao Petisco, seu site de moda e beleza que a tornou (ainda mais) conhecida. Sua empreitada mais recente é a Sallve, marca de skincare fundada em 2019 com os sócios Daniel Wjuniski e Marcia Netto. A paixão pelo desenvolvimento de produtos começou em 2014, quando Julia lançou uma collab com a M.A.C. Hoje, ela é chefe de criação da Sallve, uma empresa nativa digital que visa trazer produtos para a pele acessíveis e de qualidade. Um dos pilares da marca é o contato direto com o consumidor, motivo pelo qual a Sallve tem investido na venda em farmácias e está presente em mais de 400 unidades em 12 estados do Brasil. “A comunidade da Sallve tem muita vontade de que a gente esteja perto deles”, conta. Apesar das diversas guinadas na vida, Julia é cautelosa. Para ela, a mudança tem a ver com “se preparar, ir devagar e contar com o que pode dar errado”. Ela adianta que acrescentar maquiagem ao leque da Sallve é inevitável. “Cara lavada é folclore popular.”

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