A literatura feita por mulheres tem espaço garantido na 12ª edição do Festival Literário de Poços de Caldas, o Flipoços. No dia 02 de maio às 18h30 acontece na Arena Cultural o bate-papo “Escritoras brasileiras fora do país. Londres, Alemanha e Nova York, o que as une?”, com as autoras Nara Vidal, Alexandra Zeiner, Kátia Gerlach e mediação de Susana Ventura.
As três brasileiras vivem em países como Alemanha, Londres e Estados Unidos e escrevem sobre diferentes temas. Na mesa, vão falar sobre como é publicar fora do Brasil e também dentro dele.
Segundo as mulheres participantes da mesa, esta é uma iniciativa inédita dentro de um festival literário brasileiro. “Plantaremos sementes no solo fértil de Poços de Caldas, aguardando uma colheita coletiva”, disse Alexandra, que nos anos de trabalho na Alemanha, aprendeu sobre a troca de experiências. “Estas nos permite a soma e multiplicação de talentos no cenário comunitário global”, disse.
Durante o encontro acontece também o lançamento da obra “Os jogos (Ben) ditos e Folias (Mal) ditas, de Kátia Gerlach, publicado pela editora Oito e Meio.
Trabalho e literatura feita por mulheres
Há 5 anos morando no Sul da Alemanha, depois de ter passado por países como Áustria, Canadá, Croácia e Holanda, a escritora Alexandra Zeiner,autora de livros infantis bilíngues divide-se entre o trabalho com mulheres no Projeto Adote um Autor em Munique e também a associação Imbradiva, de Frankfurt.
“Desde a minha chegada procurei trabalhar com associações culturais dedicadas ao trabalho voltado para a comunidade. Solidariedade com criatividade foi o lema do Projeto Adote um Autor, que ainda hoje divulga o trabalho de escritores e artistas brasileiros que visitam o sul da Alemanha. Já o movimento Mulheres pela Paz, agora transformado em associação alemã sem fins lucrativos, foi iniciado por mim na cidade de Augsburg em 2014 e neste ano realizei o quarto evento na Biblioteca Central da cidade. Em 2017 iniciamos os festejos no Cairo e terminamos neste fim de semana com uma apresentação sobre o processo de reconstrução de comunidades no Nepal”, contou.
Alexandra é também presidente da associação alemã sem fins lucrativos Mulheres pela Paz (Frauen für Frieden) e visitou o Cairo pela primeira vez na primavera de 2015, onde representou oficialmente a Presidente do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz da França-Suíça, Madame Gabrielle Simond, durante o Forum Mundial dos Jovens pela Paz.
Já a autora mineira Nara Vidal, formada em letras e mestre em turismo vive há mais de 15 anos em Londres. Autora do livro “A loucura dos outros”, espera do Flipoços uma discussão honesta sobre o espaço e representatividade da literatura produzida por mulheres, especialmente as mulheres que publicam através de editoras independentes.
“Não gosto do termo literatura feminina, porque o termo “feminino” é, na maioria das vezes, uma ideia equivocada, fruto de uma sociedade patriarcal que, por conveniência e tradição, insiste do termo que enfraquece e limita o potencial das mulheres”, disse.
Efervescência literária entre Brasil e EUA
Katia Gerlach vive em Nova York há quase duas décadas, mas, antes de fixar residência nos Estados Unidos, viveu em Paris e em Londres, passando por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Hamburgo e Lisboa. Tanto tempo vivendo fora faz com que ela não enxergue países, mas cidades. “São deslocamentos entre pontos nesta esfera. Meu trabalho aqui no ponto geográfico onde me vejo, habita a minha condição feminina, com todos os seus dissabores e prazeres. No meu dia a dia, trabalho ‘palavras’ e não gênero”, disse.
Para ela, a expectativa de participar do Flipoços é a oportunidade de estar próxima do público. “Nós, escritores de língua portuguesa, precisamos estar perto do público e compartilhar das nossas experiências. Antecipo o início de conversas duradouras e amigáveis”, comentou Kátia, que também observa algumas diferenças entre a literatura feita no Brasil e nos EUA.
“Nota-se o crescimento dos escritores de origem latino-americana e vejo isso com grande alegria. O mercado de livros traduzidos é limitado, no entanto. As novas gerações, inclusive de brasileiros radicados no país, escrevem em inglês, abandonando a língua mãe em troca do acesso a um número maior de leitores. Essa é uma questão que me é colocada com frequência, mas me recuso a abrir mão da língua portuguesa que adoro. A minha escrita nasce do exílio, de um processo de resistência. Também no Brasil, observo uma efervescência literária, auxiliada por editoras independentes”, pontuou.
Para Gisele Corrêa Ferreira, coordenadora da GSC Eventos, empresa que organiza o Flipoços, a mesa com as mulheres que vivem fora do país atende uma necessidade do Flipoços. “São pautas necessárias dentro de um encontro como o nosso. Estamos muito felizes em receber escritoras tão talentosas para participarem dessa roda de conversa e falarem sobre suas produções, seus trabalhos paralelos nos países em que vivem e, principalmente, sobre a literatura”, disse.
Programação
A programação do Flipoços 2017 pode ser conferida no site do festival www.flipocos.com e também pelas redes sociais na página Feira do Livro/Flipoços. O Flipoços 2017 e a 12ª Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas contam com o patrocínio do Grupo DME, Prefeitura Municipal, Mineração Curimbaba, CBA Votorantim, Supervale e EPTV Sul de Minas. Parceria Cultural Sesc. Apoio IMS, Leiturinha, Câmara Brasileira do Livro, Câmara Mineira do Livro, Embaixada de Moçambique no Brasil, Camões Instituto de Línguas e Cooperação, CPCLP – Comissão para a Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa, Instituto Pró-Livro, ACIA Poços, Senac, Poços Convention, ANL – Associação Nacional das Livrarias, Secretarias de Estado da Cultura, Turismo, Relações Internacionais e Educação. Realização GSC Eventos Especiais. Informações pelo (35) 3697 1551.