Como as agências de publicidade estão atuando em meio à pandemia
Do contato presencial ao digital, agências e clientes estão ainda mais próximos. Neste momento, ideias criativas e estratégicas têm sido grandes solucionadoras para empresas de diversos segmentos.
Como um quebra-cabeça de muitas peças e montagem final abstrata, a pandemia do novo coronavírus é um desafio exigente e em todas as áreas. Demanda conhecimento e agilidade combinada exatamente à paciência, itens que não costumam andar lado a lado. É nesse cenário que as agências de publicidade têm funcionado como grandes solucionadoras.
A materialização da simbólica lâmpada amarela que, se não mostra — ainda — o fim túnel, certamente consegue iluminar o caminho até ele com planejamento estratégico, criatividade e inovações que vão além das fronteiras das ideias exclusivamente de comunicação. “Nosso papel é encontrar caminhos inovadores que minimizem quaisquer perdas e não prejudique o posicionamento do nosso cliente no mercado”, afirma Luis Fernando Justus, CEO da Pontocom.
Em todo o Paraná, diversas soluções para o mercado têm surgido a partir das agências. Inicialmente, elas precisaram entender o contexto e, assim, analisar cada cliente com suas necessidades e possibilidades do momento. Além disso, também tiveram que ajustar suas próprias demandas e organizar fluxos de trabalho, home office dentro de poucos dias, assim como o contato com os clientes que, embora possa estar mais distante fisicamente, apresenta laços mais fortalecidos.
De modo geral, o que se observa é o aumento do volume de produção. “As empresas precisavam e ainda precisam se posicionar diante do que está acontecendo, por meio de atitudes, de mensagens positivas, de novos serviços que precisam ser criados para que as relações entre marcas e pessoas não se enfraqueçam, até mesmo desapareçam ou percam relevância na vida das pessoas pelo fato de se ausentar quando mais elas precisam”, explica Ricardo Mercer, sócio e diretor de planejamento e criação da Candy Shop.
Bianca Portela, da Agência BP2, reforça a importância de se posicionar e tomar ações efetivas no sentido de fortalecer a gestão da marca, valor intangível porém extremamente relevante para as empresas. “Por mais que os negócios estejam sendo fortemente impactados, o momento é de as empresas encontrarem seu real sentido de existência, o seu ambiente. Não visando somente a parte comercial – onde as empresas em geral mais pecam –, mas também ambiental e humanitária”, explica Bianca.
Para entender o contexto e como cada cliente se posicionaria nele, Celina Albertassi Gasparani, diretora da Housepro, explica a importância das pesquisas e dados, atualizados diariamente, para determinar as ações dos clientes, além do acompanhamento de decretos e recomendações do poder público. Com isso, a Housepro sugeriu e criou um aplicativo de delivery para um cliente, com promoções também voltadas à solidariedade, além de ter proposto mudanças de produção de uma indústria do setor de vestuário.
Orientação e direcionamento foram necessidades sentidas em diversos segmentos. “Percebemos demandas muito diferentes. Em um primeiro momento, muitos estavam perdidos em relação a o que fazer. Hoje, estão se acostumando com ‘o que é possível fazer’. Atuamos na resolução dos mais diversos problemas e vimos que os caminhos recomendados são muito voltados a delivery e e-commerce”, explica Elisa Manuela Cetnarovski, gerente de mídia da OpusMúltipla.
Relacionamento com os clientes
Em tempos de home office e reuniões por vídeo, voz e mensagens de texto, é hora de se mostrar totalmente à disposição. Na Jobs X, a integração entre clientes e a agência é reforçada também pelo uso de um aplicativo por meio do qual o cliente acompanha, em tempo real, o que está sendo feito em todos os seus processos e campanhas. “Começamos a ver o dia a dia, com todas as mudanças que dependiam de vários setores. Temos ferramentas estabelecidas, então o fluxo ficou muito bem trabalhado por causa dos processos. Todo o time pensando no macro e se envolvendo na pesquisa, elaboração, desenvolvimento e resultado”, explica Nicole Furtado, coordenadora de Customer Success da agência.
Bianca Portela também lembra que é um período de cooperação para enfrentar a realidade. “Estamos plenamente cientes das grandes dificuldades que as áreas de comércio e serviços enfrentam e enfrentarão nos próximos meses. Assim, temos tido muito cuidado para equilibrar o aumento da demanda com a realidade dos clientes. Entendemos que o momento é de parceria, para que tanto a agência quanto os clientes saiam deste processo fortalecidos”.
Nessa relação, Ricardo Mercer avalia que as pessoas estão mais receptivas às novas ideias e modos de se fazer comunicação. “Alguns clientes voltaram a enxergar as agências como solucionadoras, como parceiras. Outros apenas comprovaram isso. Sinceramente, penso que as relações entre clientes e agências vão melhorar muito. No mundo novo que vem por aí a única coisa que eu apostaria é que, não importa o cenário, boa ideia sempre cai bem”.
O que está por vir
Comprometimento com o bem coletivo, compartilhamento, reinvenção e foco no digital. Essas são algumas das tendências apontadas pelo mercado para o momento atual e para o futuro próximo.
Caroline Popp Tetu, diretora da Popp Media Hub
“Avaliando todos os históricos, claro que não passamos por um momento como esse há bastante tempo, mas trazendo insights de guerra e de outras crises, todos os direcionamentos apontam que as marcas e clientes não saiam da estratégia de se comunicar. Que continuem achando como falar, o quê, que reinventem seus produtos, seus serviços, acelerem a transformação digital, ajustem o termômetro do que mexer agora. A médio e longo prazos vão alcançar resultados até cinco vezes maiores”.
Fábio Martiolli, diretor de atendimento da Hertz Propaganda
“As marcas que conseguirem passar por esse período sem grandes arranhões e sobreviver terão uma oportunidade muito grande após. Quem continuar presente e próximo aos seus consumidores tem grandes chances de colher bons frutos. É importante não explorar tudo que está acontecendo de uma maneira muito comercial, provocar medo ou pânico. É preciso estar disponível”.
Luis Fernando Justus, CEO da Pontocom
“Entendo que precisaremos de muito mais que resiliência e força de vontade para passar por essa crise. Teremos que nos esforçar, buscando em todo nosso repertório criativo e inovador, além de conhecimento e experiência para encontrar caminhos. De fato, todos terão que se reinventar”.
Ricardo Mercer, sócio e diretor de planejamento e criação da Candy Shop
“Vai estar cheio de gente para comprar. Lutem para manter o nariz fora da água. Custe o que custar. O futuro é promissor. Invistam em tecnologia. Todo mundo vai sair muito mais digital de tudo isso. Mas também invistam em calor humano. As pessoas vão querer se sentir acolhidas quando tudo isso acabar”. Bianca Portela, da Agência BP2
“O ambiente virtual já existe. Quanto antes a empresa começar a pensar em sua comunicação com o cliente nele, melhor. E fundamentalmente: pense no momento em como sua marca sairá deste processo. Esquecida ou lembrada Um dia sairemos dessa crise e os clientes estarão dispostos a pagar mais e melhor por empresas com propósito e que enfrentaram a situação contribuindo de alguma maneira para a sociedade”.
Elisa Manuela Cetnarovski, gerente de mídia da OpusMúltipla
“Temos bastante conteúdo disponível, que ajuda a ter uma noção do que está acontecendo. Webinars da Kantar Ibope, entre outras de pesquisa e mercado, trazem informações do mundo inteiro. As tendências nos mostram que as empresas que não deixaram de se comunicar devem se recuperar mais facilmente. Recomendo buscar esse tipo de conteúdo, que traga o que está sendo feito e está dando certo. Esse quebra-cabeça tem montagem dinâmica e tempo de finalização ainda indefinido. Porém, enquanto ele é o trabalho em conjunto de todos neste momento, as empresas podem contribuir e atravessar a pandemia da melhor maneira possível e com os recursos que têm, como recomendam os especialistas.