Fatores de risco
Ao contrário de alguns tipos de tumor, para os quais existe relação clara entre um fator de risco e o aparecimento da doença (como é o caso do tabagismo e câncer de pulmão), no caso do câncer de mama não há fatores isolados que possam explicá-lo. Ressaltamos que a grande maioria das mulheres que desenvolvem câncer de mama não tem fatores de risco óbvios, além de frequentemente não apresentarem nenhum histórico familiar de câncer de mama. Ainda assim, diversos fatores estão associados a um maior risco. Ser mulher, evidentemente, é o maior deles (pois o câncer de mama também ocorre em homens, porém em frequência bem menor), mas contam também outros fatores, como a faixa etária da paciente, pois o risco de desenvolvimento de câncer de mama aumenta à medida que a mulher envelhece. A tabela abaixo mostra o impacto dos vários fatores de risco.
O fator que mais aumenta o risco é apresentar uma alteração genética rara em dois genes, que recebem os nomes de BRCA1 e BRCA2 (diretamente associados a risco elevado de desenvolver cânceres de mama e de ovário, além de outros tipos de tumor). No entanto, mutações em outros genes podem conferir aumento de risco de desenvolvimento de câncer de mama. Os principais genes relacionados a essa associação são os genes PALB2, ATM, RAD51C, RAD51D, CHEK2, TP53, STK11, CDH1, PTEN, MLH1, MSH2, MSH6 e PMS2.
A mutação germinativa é aquela que está presente em todas as células do corpo da paciente, e não apenas nas células tumorais. Ela é a mutação que pode ser transmitida de maneira hereditária, uma vez que também estará presente nas células sexuais que darão origem ao feto. Quando presente, este tipo de mutação nos genes citados acima pode acarretar aumento de risco de desenvolver câncer de mama. É o caso da atriz norte-americana Angelina Jolie, que em 2013 passou por uma cirurgia preventiva de mastectomia bilateral (retirada do tecido mamário de ambas as mamas) após descobrir, por meio de uma análise genética, que tinha mutação no gene BRCA1. A mutação deste gene pode aumentar em até 70% o risco de desenvolver um câncer de mama e até 40% o de câncer de ovário.
Mulheres portadoras de mutações em um desses genes geralmente pertencem a famílias que já tiveram vários casos de câncer de mama e/ou de ovário, especialmente em parentes mais próximos (mães, irmãs e avós). A mãe de Jolie, a também atriz Marcheline Bertrand, por exemplo, morreu em decorrência de um câncer de mama.
Além disso, hábitos e estilo de vida têm sido cada vez mais relacionados ao risco de desenvolvimento de neoplasia mamária, inclusive aumentando ainda mais o risco em pacientes portadoras de mutações, por exemplo. Obesidade, sedentarismo e uso excessivo de bebidas alcóolicas são três fatores que definitivamente se associam a um incremento no risco de desenvolvimento da doença. Alguns estudos mostram que adolescentes com grande ingesta de alimentos pró-inflamatórios como bebidas adoçadas com açúcar livre (refrigerantes, por exemplo) e carne vermelha têm maior risco de desenvolver câncer de mama em idade jovem.
Outros fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de câncer de mama são: alta densidade mamária à mamografia, uso de pílulas orais contraceptivas, terapia de reposição hormonal na pós menopausa com compostos que combinam estrógeno e progesterona, e a presença de lesões mamárias como hiperplasia ductal ou lobular atípica e carcinoma lobular in situ.
Atualização: Dra. Debora de Melo Gagliato Jardim
CRM: 124.597
Oncologista Clínica na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Apoio: Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida
CRM: DF 27574
Oncologista Clínico no Grupo Oncoclínicas, Brasília-DF